quarta-feira, 24 de outubro de 2007

[T] Superscanner mostra os segredos da Mona Lisa

Por séculos a Mona Lisa tem encantado entusiastas de arte que não conseguem deixar de especular sobre as origens e o significado da obra. Um inventor francês acredita ter algumas respostas, inclusive o destino dos famosos cílios e sobrancelhas inexistentes na pintura.

O engenheiro parisiense Pascal Cotte, 49 anos, disse que seus scans digitais ultra-detalhados da pintura permitem cavar através de camadas de tintas para "ver" o passado do quadro da mulher de um mercador, pintado por Leonardo Da Vinci no século XVI.

A pintura mais famosa do mundo tinha originalmente as duas sobrancelhas e cílios, de acordo com Cotte. Ele diz que seus scans de 240 megapixels mostram que existem traços da sobrancelha esquerda, tapada por uma restauração feita há muito tempo.

"Com apenas uma foto você vai mais fundo na construção da pintura e entende porque Leonardo era um gênio", disse Cotte na inauguração da exposição onde ele mostra seus achados.

Como menino que cresceu em Paris na década de 60, Cotte disse que ficou muitas horas olhando para a Mona Lisa a primeira vez que a viu no Louvre. Ele mais tarde usou seu treinamento científico com luzes e óptica para desenvolver uma câmera que permitisse examinar o objeto de sua obsessão.

Cotte estima que gastou cerca de 3 mil horas analisando os dados das imagens escaneadas que fez da pintura há três anos. Utilizando sensores para detectar a luz de um espectro visível, além de ultravioleta e infravermelho, a câmera permitiu que o pesquisador fizesse outras descobertas:

- Da Vinci trocou a posição de dois dedos da mão esquerda da mulher retratada.

- O rosto da mulher era originalmente mais largo e o sorriso mais expressivo que o atual.

- Ela segura um lenço que desbotou com o passar dos anos.

Cotte disse que suas análises também mostraram as cores da pintura como eram na época de Da Vinci. O tempo, verniz e restaurações resultaram em uma pintura que, atrás de seu vidro à prova de balas, parece saturada em verdes, amarelos e marrons.

Trabalhando com uma imagem de 22 GB, feita utilizando 13 filtros de diferentes cores, em comparação aos típicos três ou quatro das câmeras digitais, Cotte criou uma reprodução da Mona Lisa com os azuis e brancos que ele acredita representarem a pintura em sua forma original. "Para a próxima geração, garantimos que teremos a verdadeira cor desta pintura", disse.

Apesar de alguns historiadores expressarem ceticismo sobre as descobertas de Cotte, ele espera que sua técnica possa ser usada para guiar futuros trabalhos de restauração em outras obras em todo o mundo.

Desde o trabalho com a Mona Lisa, Cotte já fez fotos de altíssima resolução de outros 500 quadros, inclusive de autores como Van Gogh, Brueghel, Courbet e outros mestres europeus. "Precisamos do máximo de informação para passar a nossa herança cultural aos nosso filhos", falou.

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